Sempre Alerta!

E o Escotismo se afunda ainda mais

Quem acompanha o meu blog desde anos atrás sabe que não tenho simpatia nenhuma pelos Escoteiros. Uma explicação breve das razões está neste post e vocês podem ler as outras coisas que eu disse sobre o assunto nos arquivos.

Faz anos que não escrevo nada sobre o Escotismo, mas acabei de ler um artigo sobre como eles agora estão treinando as crianças como comandos para combater terroristas ou traficantes de drogas, inclusive com uso de armas, através de um programa associado à eles chamado “Explorers”. Treinam cenários de comandos militares mesmo, lidando com sequestros de ônibus, ataques a plantações de maconha, ataques terroristas (bônus: contra inimigos vestidos com trajes típicos do Oriente Médio, porque é assim que os terroristas se vestem) e combatendo imigrantes ilegais na fronteira.

Legal, né? Começam a fazer a cabeça da molecada logo cedo, ensinando à partir dos 13 anos e meio como os imigrantes e pessoal do oriente médio são os inimigos.

O Escotismo não foi criado como uma organização militar, mas sim como uma organização civil de serviço para agir como suporte voluntário para o governo e forças armadas em horas de crise. Mas nunca como soldados. Aparentemente agora decidiram que isso não era o suficiente e resolveram aumentar o nível de fanaticismo e agressão. Como disse um tiozinho no artigo, “This is about being a true-blooded American guy and girl”.

Que final de carreira. O Movimento Escoteiro realmente está cada vez mais desprezível.

Em tempo: sabem quem mais faz esse tipo de coisa com crianças? Adivinhem!

Nem tudo o que é escoteiro é ruim

Bom… depois dos meus posts criticando os Escoteiros (aqui, aqui e aqui), eu tenho que me retratar, pelo menos parcialmente.

Daqui para a frente as Girl Scouts estão isentas das minhas críticas ao movimento escoteiro.

Já faz uns dias que eu fiquei sabendo disso, mas acabei me esquecendo de comentar. As escoteiras daqui formam uma organização liberal, aceitam homossexuais e ateus como membros, e inclusive no ano passado deram um prêmio de “Mulher de Destaque” à diretora da organização “Planed Parenthood” do Texas (uma organização sem fins lucrativos que educa e incentiva o planejamento familiar, provê o povo com aulas e informação relativa à educação sexual, dá acesso à anti-concepcionais e até à aborto). Isso, claro, deixou os fundamentalistas daqui putos da vida.

Todo ano, as escoteiras vendem biscoitos para arrecadar fundos para ajudar a custear as atividades delas mesmas. Este ano os carolas resolveram tentar criar uma campanha de boicote para que o povo deixe de comprar os tais biscoitos. Felizmente, como já aconteceu com outras campanhas promovidas por eles, o tiro saiu pela culatra e as escoteiras estão esperando vendas recordes, devido à atenção extra criada pelo bafafá.

Às vezes eu até acho que esse mundo ainda tem esperança… 😛

Eu reproduzi abaixo dois artigos que comentam sobre os assuntos acima (o primeiro inclusive escrito pelo presidente de uma tal “Coalição da Honra Escoteira“), mas os originais podem ser encontrados aqui e aqui.

(more…)

Os perigos desconhecidos do escotismo

Como vocês devem saber, eu fui escoteiro durante mais de 14 anos da minha vida. Perdi a conta dos acampamentos, caminhadas, canoagens e de noites que passei à luz do lampião.

Qual não foi minha supresa hoje, ao ler um artigo que afirma que as camisinhas dos lampiões à gas que a gente usava são feitas de um material radioativo!

E ninguém nunca me avisou! Ainda bem que não vou ter filhos, porque senão podia sair um monstro mutante como o do filme “It’s Alive!“.

Olhando o lado bom da coisa, de repente eu poderia também ter ganho super-poderes. Já pensou, eu virar o “Lampião Verde”, cujos poderes atômicos são derivados do seu poderoso lampião de acampamento radioativo? Seria uma espécie de versão tupiniquim do “Lanterna Verde“… ;-P

Ainda o Escotismo

Bom… este é um assunto que me deixa furioso, pois me afeta de duas maneiras, por ser ateu e por ter sido escoteiro por 14 anos.

Já reclamei sobre os escoteiros antes aqui e aqui. Recapitulando, eles estão se arriscando a perder o auxílio do governo, desde que brigaram na justiça para reter o direito de discriminar contra ateus e homossexuais.

O conselho da região de Philadelphia, além de ter deixado de receber dinheiro de organizações por causa das suas políticas discriminativas, está perigando de perder o uso gratuito do prédio que ocupam no centro da cidade, cedido pela prefeitura.

Então agora, numa manobra digna do governo americano atual, o conselho da região de Philadelphia decidiu entrar num “acordo” com a cidade e adotar uma política que reza que “preconceito, intolerância e discriminação ilegais são inaceitáveis”.

Até aí, uma decisão bacana, exceto que… alguém aí se ligou que, devido à decisão da justiça, para os escoteiros é absolutamente LEGAL discriminar contra ateus e homossexuais? Esse nova política não vai mudar em nada a atitude deles e ao mesmo tempo pleiteia reaver os benefícios que eles decidiram sacrificar para manter a “integridade moral” deles, quando optaram por brigar pelo direito de excluir minorias sociais das suas fileiras.

A idéia é ficar de bem com a cidade de Philadelphia e ao mesmo tempo manter os compromissos com a união dos escoteiros daqui, fazendo uma promessa cuidadosamente descrita para não precisar ser cumprida da maneira esperada. E eu não estou torcendo as palavras deles não. A idéia é exatamente essa.

Os detalhes sórdidos dessa história estão neste artigo aqui.

Me dá nojo e vergonha de ter participado por tanto tempo de uma organização como essa. Eu sofria discriminação quando era escoteiro, inicialmente por não ter religião definida, depois por ser ateu.

Como só recentemente comecei a ficar mais militante, eu deixava para lá e tinha que fingir que era católico para evitar expulsão. Simplesmente não havia nenhuma outra opção, ou me declarava religioso ou ia embora.

Me lembrando dessas ocasiões, vejo que aí no Brasil a coisa funciona da mesma maneira que aqui, então acho que a mesma crítica que faço ao movimento escoteiro americano é válida para o brasileiro.

Fragmentos de uma conversa, versão da Lydia

A Lydia estava conversando hoje com um representante de uma gráfica que faz serviços para a empresa onde ela trabalha.

Ele: …meu filho está com vontade de ser escoteiro. Eu fiquei meio na dúvida porque meu pai nunca acreditou nisso e nunca me deixou ser.
Ele: Eu pesquisei muito, conversei com a minha esposa, rezei e decidimos levar ele para um grupo de escoteiros.
Ele: Eu descobri que tenho que tenho que participar também para ajudar nas atividades.
Lydia: Ah, meu marido foi escoteiro por 14 anos e o pai dele tinha que participar e acabou sendo chefe de tropa. Meu marido gostava e diz que ajudou ele a se desenvolver como pessoa.
Ele: É, eles são uma entidade com muitos bons princípios e firmes nas crenças deles. Tipo esse negócio dos homossexuais, que eles vão perder a ajuda do governo porque não querem aceitar homossexuais. Certo é certo e errado é errado, e eles tem os princípios deles e não vão mudá-los.
Ele: Se você quer seguir esse caminho é seu problema, mas certo é certo e errado é errado. Eles estão mais é certos de ficar firmes e não ter que se abrir para outras crenças. Não interessa o que o resto das pessoas pensam.
Lydia: … [em pensamento: …e foi exatamente por coisas desse gênero que o Mauro largou dos escoteiros…]

Cada sapo que a gente tem que engolir…

Bem feito para os escoteiros!

Alguns de vocês devem saber que fui escoteiro por uns 14 anos da minha vida. Saí pouco antes de conhecer a Lydia, por causa de intrigas políticas no grupo escoteiro onde eu era assistente de chefia. Tudo por culpa dessa gentinha que fica fazendo politicagem numa organização onde o pessoal que trabalha é voluntário.

Aqui nos EUA eu nunca cogitei trabalhar com escoteiros, inicialmente por causa do problema que é trabalhar com crianças aqui (todo mundo é louco para acusar os outros de molestar as crianças deles para tentar ganhar uma grana).

Depois eu definitivamente abandonei a idéia quando 3 anos atrás o movimento escoteiro daqui entrou na justiça para defender o direito deles de excluir homossexuais da organização. Eles ganharam a causa, sendo considerados uma organização privada com direito a estabelecer critérios para a seleção dos membros.

Na semana passada, entretanto, um juiz da Califórnia decretou que os escoteiros são uma organização religiosa.

Essa decisão foi um efeito colateral de um processo movido contra os escoteiros pela ACLU (uma associação de proteção às liberdades civis) contra um contrato de aluguel que os escoteiros tem com a cidade de San Diego deste 1945, onde eles retém o uso de 18 acres de terreno público, pagando US$1 por ano.

A ação acusa a prefeitura da cidade de favorecimento, por permitir que uma organização religiosa use um terreno público como sede, gratuitamente.

A união dos escoteiros daqui dos EUA é uma organização ostensivamente anti-gay, anti-agnosticismo e anti-ateísmo, e após problemas com dois meninos, um o filho de um casal de lésbicas e o outro filho de agnósticos, os dois casais pediram à UCLA que intercedesse.

Eu apóio completamente a decisão do juiz de suspender o uso do terreno. Quando eu fui escoteiro eu não podia falar que não tinha religião, senão teria que sair do grupo. O argumento era que eu teria que jurar em nome de deus ao fazer a minha promessa de escoteiro, e se não acreditasse, minha promessa não era válida. O fato de eu também dar a minha palavra de honra obviamente não contava em nada.

Naquela época eu não era tão ativista como agora, então engolia o sapo e tudo bem. Mas hoje eu acho um completo absurdo, e eu jamais me associaria a uma organização como essa.

Que eles tenham o direito de excluir pessoas baseando-se em preferências pessoais, até aí tudo bem, problema deles. Mas como diz o processo, então eles que não venham pedir tratamento preferencial no uso de propriedade pública se não permitem que todo mundo a use.

Outras organizações como o YMCA tiveram que abandonar suas políticas de exclusão para manterem esses privilégios. Está na hora dos escoteiros decidirem se juntar aos nossos tempos e deixar essas políticas retrógradas para trás. Infelizmente, a decisão ainda vai ser apelada então pode ser revertida. Eu torço para que não seja.

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