Neste post controverso, um leitor deixou o seguinte comentário:

Respeito sua opinião. Você não é obrigada a se sujeitar ao seu marido, nem seguir os preceitos da Bíblia, nem ler a bíblia; inclusive pode refutar as palavras da Bíblia e não acreditar em Jesus, e você pode tudo isso somente por que Deus lhe deu o livre arbítrio.

Deus não a obrigou a seguir suas palavras, Deus não a obrigou a aceitar Jesus, Deus não obrigou ninguém a nada, mas ele lhe deu esta escolha.

Eu queria comentar sobre o tal “livre arbítrio” a que ele se refere.

O livre arbítrio é a permissão, capacidade, ou opção da gente tomar as nossas próprias decisões, independente da vontade do tal Deus.

Mas… existe realmente o livre arbítrio, como definido no cristianismo? A resposta é não.

Pelas próprias definições do deus do cristianismo, ele é onipotente, onisciente e onipresente. Ou seja, pode tudo, sabe tudo e está em todos os lugares ao mesmo tempo. Vê o passado, o presente, o futuro e comanda tudo o que acontece no universo. Nem mesmo uma folha cai de uma árvore a não ser que ele queira.

Se um deus já sabe de antemão tudo o que você vai fazer, você não tem escolha. Tem apenas uma ilusão de escolha, porque no final das contas o que você ia fazer já era sabido, i.e. determinado. Se a sua vontade fosse realmente livre, você conseguiria surpreender a Deus com alguma decisão espúria. Mas não consegue, não é?

Mais capenga ainda é a idéia de termos uma escolha entre sermos livres para acreditar em Deus ou não. Você é livre para não acreditar se não quiser, mas o que acontece então? Você ganha uma eternidade de sofrimento depois que morre. Grande escolha.

É semelhante à escolha que um assaltante dá quando aponta a arma para a sua cabeça: a bolsa ou a vida. A decisão é sua, mas que tipo de escolha é essa? Se submeter à vontade do ladrão ou morrer? Não tem muito o que escolher, tem?

Então, para que serve essa história de livre arbítrio?

Foi inventada como uma maneira de proteger a perfeição do deus cristão. Se ele ama à todos e é infalível, o fato do mundo ser uma bosta, cheio de sofrimento e crueldade tem, obrigatoriamente, que ser culpa da gente.

Jogando a culpa na gente, se tapa um buraco sério na definição de um deus que os cristãos insistem é bom, justo e ama todo mundo.

Isso quer dizer que nós, através do nosso suposto “livre arbítrio”, fodemos com a obra de Deus, à despeito das melhores intenções do mesmo. Coitadinho dele. :-(

Infelizmente para os que tentam usar isso como justificativa, isso é uma besteira sem tamanho, pelas suas próprias definições. Portanto podem tratar de arrumar outra desculpa, porque essa não cola.