Bom… este é um assunto que me deixa furioso, pois me afeta de duas maneiras, por ser ateu e por ter sido escoteiro por 14 anos.

Já reclamei sobre os escoteiros antes aqui e aqui. Recapitulando, eles estão se arriscando a perder o auxílio do governo, desde que brigaram na justiça para reter o direito de discriminar contra ateus e homossexuais.

O conselho da região de Philadelphia, além de ter deixado de receber dinheiro de organizações por causa das suas políticas discriminativas, está perigando de perder o uso gratuito do prédio que ocupam no centro da cidade, cedido pela prefeitura.

Então agora, numa manobra digna do governo americano atual, o conselho da região de Philadelphia decidiu entrar num “acordo” com a cidade e adotar uma política que reza que “preconceito, intolerância e discriminação ilegais são inaceitáveis”.

Até aí, uma decisão bacana, exceto que… alguém aí se ligou que, devido à decisão da justiça, para os escoteiros é absolutamente LEGAL discriminar contra ateus e homossexuais? Esse nova política não vai mudar em nada a atitude deles e ao mesmo tempo pleiteia reaver os benefícios que eles decidiram sacrificar para manter a “integridade moral” deles, quando optaram por brigar pelo direito de excluir minorias sociais das suas fileiras.

A idéia é ficar de bem com a cidade de Philadelphia e ao mesmo tempo manter os compromissos com a união dos escoteiros daqui, fazendo uma promessa cuidadosamente descrita para não precisar ser cumprida da maneira esperada. E eu não estou torcendo as palavras deles não. A idéia é exatamente essa.

Os detalhes sórdidos dessa história estão neste artigo aqui.

Me dá nojo e vergonha de ter participado por tanto tempo de uma organização como essa. Eu sofria discriminação quando era escoteiro, inicialmente por não ter religião definida, depois por ser ateu.

Como só recentemente comecei a ficar mais militante, eu deixava para lá e tinha que fingir que era católico para evitar expulsão. Simplesmente não havia nenhuma outra opção, ou me declarava religioso ou ia embora.

Me lembrando dessas ocasiões, vejo que aí no Brasil a coisa funciona da mesma maneira que aqui, então acho que a mesma crítica que faço ao movimento escoteiro americano é válida para o brasileiro.