Inspirado por um post no blog da Dani, achei que podia começar a escrever sobre as minhas motivações e como funciona (ou não) a minha cabeça. Talvez eu crie controvérsia e comece a receber flames de todo lado, então já vou me preparar e vestir uma roupa de amianto. Além disso, é capaz de eu ter que usar alguns posts antes de conseguir dizer tudo o que quero.

Atualmente as características que eu acho que mais me definem são:


  • Cético
  • Ateu
  • Liberal
  • Gente fina 😉
Essas minhas características são o fruto de muitos anos de observação, reflexão, análise e reavaliação de valores. Vou tentar elaborar um pouco.

Já fui religioso e crédulo, e ainda me lembro da primeira pessoa que conheci que se declarava abertamente ateu. Na época (eu estudava na USP e o cara era um colega meu lá ) isso foi um choque para mim, que nunca tinha conhecido pessoalmente um tipo de gente de quem (pelo menos para mim) só se ouvia falar ou sobre quem só se lia em livros. Passado esse choque inicial, entretanto, comecei a pensar sobre isso, resolvi abrir os meus olhos e tentar julgar a validade das idéias dele. Formei minhas próprias conclusões, acabei concluindo que ele tinha razão e hoje sou extremamente cético e completamente ateu.

Isso mudou a base da minha visão de mundo, mas não mudou em quase nada o meu modo de ser ou meu relacionamento com o próximo. Na verdade, firmou muitos dos valores que eu já tinha, dando a eles um significado muito mais sólido e real.

Por exemplo, a partir do momento em que concluí que não existe nenhuma entidade imaginária lá no céu, a minha idéia de que a gente deve ser bom adquiriu muito mais força. Não se deve praticar a bondade para se livrar de passar uma eternidade no inferno, para se adquirir bom karma, ou para agradar a uma divindade qualquer. Esses, em última análise, são motivos extremamente egoístas pois a motivação inicial é beneficiar você. Na minha visão, a gente deve se ajudar uns aos outros porque não existe ninguém mais para fazer isso pela gente. Se a gente mesmo não cuidar do mundo e uns dos outros, ninguém vai.

Religião, para mim, é uma maneira das pessoas explicarem e justificarem as coisas que acontecem para elas, e de se sentir melhor que o resto (afinal, sou filho de deus, sou especial). Tem sua utilidade, mas quando interfere com a vida das pessoas de uma maneira negativa (limitando o desenvolvimento cultural, gerando exploração, criando estigmas e preconceitos, etc), perde totalmente qualquer justificativa.

Já sobre crendices… as pessoas tendem a confiar, e sempre tem os canalhas dispostos a explorar essa confiança. Desde cartomantes, horóscopos e até empresas que vendem equipamentos ou remédios milagrosos, todo mundo está aí para aproveitar o desejo das pessoas de ter alguém para falar para eles que tudo vai dar certo, que as coisas que acontecem para a gente fazem parte de algum tipo de plano, ou que você pode perder 140 kg em uma semana apenas se tomar esta pílula aqui.

É basicamente a mesma coisa que religião, no sentido que as pessoas aceitam o que lhes é dito sem provas, ou baseadas em fatos absurdos e meias-verdades que elas não se incomodam em verificar, bastando que elas se sintam bem com o que ouvem. Ou seja, é fé mesmo.

O meu abandono das “instituições” da fé cega e das crendices me fez começar a pensar mais e mais nos valores estabelecidos que são forçados na gente desde pequenos. Minha criação, graças a meu pai e a certas outras pessoas importantes na minha vida, felizmente me deu valores bastante equilibrados, então não precisei me livrar de muita coisa.

Minha filosofia pessoal é de que a gente deve ser responsável pelo que faz, ajudar uns aos outros sempre que pode, preservar o mundo onde moramos, tentar manter a nossa mente aberta e as nossas opiniões equilibradas e bem fundamentadas. Me considero uma pessoa relativamente bem equilibrada, honesta, imparcial e amigável. Mas antes de afirmar isso categoricamente, acho que vou esperar as opiniões do pessoal que me conhece… 😉

Para saber mais, e para entender um pouco melhor como eu penso:

Introduction to Atheism: texto longo, mas excelente, sobre o que é Ateísmo e o que significa ser um ateu. Também tem versão em português, aqui.

What is a Freethinker: no curso da minha procura por referências para este post, acabei descobrindo que eu me encaixo perfeitamente no perfil de um “livre-pensador”. O texto também está disponível em português, neste link.

The Voluntary Human Extinction Movement: o site que deu início ao processo que levou à minha decisão de não ter filhos. À propósito, leiam o site antes de se assustar com o título.

James Randi Educational Foundation: já ouviram falar do “Million Dollar Challenge“? Se você tiver habilidades paranormais de qualquer tipo, basta você entrar em contato com eles, falar o que você quer fazer (você escolhe), que eles providenciam um ambiente controlado onde você pode demonstrar os seus talentos e sair com um milhão de dólares no bolso se eles forem verdadeiros. Com certeza deve ter uma fila tremenda de candidatos na porta, não? Hmmmm…