Estou devendo este post faz tempo.

Como eu prometi, peguei a série “Left Behind” para ler. Na verdade eu peguei os dois primeiros da série juvenil e o primeiro da série regular.

Já terminei de ler tudo. O que dizer depois dessa experiência iluminadora… que o sangue de Jesus tem poder?

Eu me senti, na verdade, lendo um dos livretinhos de crente do Jack Chick, só que esses tinham muito mais páginas.

A Dani disse que não havia muita pregação na versão juvenil, mas eu acho que ela se enganou. Eles não passavam dois parágrafos sem mencionar Deus ou Jesus, falar como eles nos amam e ficar batendo na tecla que os garotos tinham que se converter. Pelo menos é assim nos dois primeiros volumes da série.

A maneira como eles caracterizam os não-crentes, especialmente os ateus, como covardes, egoístas e desonestos, assim como o fato de que segundos após você se converter você vira uma pessoa boa, ao mesmo tempo em que insistem que não se precisa ser bom para se salvar, são particularmente interessantes.

Eles pegam pesado mesmo, especialmente se considerarmos que quem vai ler é jovem e mais facilmente doutrinável, uma vez que normalmente já são criados acreditando no deus cristão, embora não sejam necessariamente crentes.

A versão adulta é um pouquinho mais leve na pregação (mas ela está lá pelo livro todo).

Uma das coisas que me chamou a atenção na versão adulta é que como os autores são safados. Durante a leitura, as perguntas óbvias vêem à cabeça, por exemplo, “se Deus é tão bom assim, por que deixa essas coisas acontecerem”. Essas perguntas são feitas por personagens, mas as respostas nunca são dadas, as outras pessoas só desconversam. Mas do jeito que o texto é escrito, fica a impressão de que essas dúvidas foram abordadas, se você não prestar muita atenção. Very sneaky.

Outra coisa engraçada que não é necessariamente limitada a esses livros, mas sim é uma opinião generalizada dos crentes, é que ninguém que conhece a bíblia consegue deixar de acreditar nela. Todo mundo nos livros que é deixado para trás, os ateus, outras modalidades de cristãos e mesmo os crentes meia-bocas, nunca tinham realmente prestado atenção na bíblia, mas no momento em que alguém explica tudo para eles, a tal “verdade” fica clara. Esse é um tema comum nas tirinhas de crente, e sempre me deixa perplexo. Esses crentes tem deficiências cognitivas sérias.

Apesar da versão adulta ser ligeiramente mais tolerável, achei muito fraquinha como história de ficção, e não pretendo pegar os outros volumes para ler. Não vale à pena tolerar a pregação toda para chegar no pouco conteúdo interessante.