Todo dia de manhã eu me sinto como se fosse um Fremen andando pelos desertos do planeta Duna.

Para quem não leu o livro, Duna (ou Arrakis) é um planeta inteiramente desértico, onde vivem os Fremen, humanos descendentes dos emigrantes que abandonaram a Terra milênios antes do início do romance. Nesse planeta existem os vermes da areia, criaturas enormes que são atraídas por vibrações ritmicas. Qualquer pessoa andando pelo deserto tem que disfarçar o ritmo dos passos, fazendo eles parecerem barulhos rotineiros do deserto sem qualquer cadência definida, ou então se arrisca a ser devorado pelos vermes.

Mas o que tem isso a ver comigo?

Bom… as casas aqui nos EUA são de madeira, então você ouve as pessoas se movimentando pela casa, especialmente se você está no andar abaixo delas. Sou eu quem normalmente vai de manhã descobrir a gaiola dos papagaios e dar o café da manhã deles, então os bichos já conhecem o barulho dos meus passos e, quando me escutam andando lá em cima no quarto, começam a maior gritaria. A Lydia pode andar à vontade que eles normalmente não ligam.

Para evitar ter que descer assim que levanto, então, eu fico brincando de Fremen. Arrasto o passo, mudo o jeito que o meu peso assenta sobre os pés, altero a cadência, etc, para os papagaios não reconhecerem o barulho e não acordarem. Assim eu posso me trocar, ir ao banheiro e escovar os dentes em paz… 😛