Trampo
Domingo, dia de trabalho
Hoje eu fui ser o farrier de plantão num show em um estábulo onde costumo ir. Aqui eles normalmente contratam um farrier para ficar por lá, se algum cavalo perder uma ferradura, assim a gente pode consertar o bicho e ele pode voltar para a competição. Eles pagam uma quantia para a gente ficar lá o dia todo, e se aparecer algum serviço extra, a gente cobra da pessoa.
Falei que foi dia de trabalho, né? Foi, numas… fiquei o dia todo lá, das 7:30 até quase as 17:00, mas não fiz absolutamente nada. Ninguém precisou dos meus serviços. Ainda bem que fui preparado: levei o laptop, dois filmes em DVD e livros em formato PDF.
Também levei a câmera para tirar umas fotinhos. Aqui está o meu trailer, com todos os confortos de casa… laptop, cadeira, ventilador e até micro-ondas:
Para quem nunca viu, eles fazem isto aqui nas competições:
E por último, no espírito dos LOLcats, aqui vai a minha versão equina:
Necessidades básicas
Estamos entrando no verão por aqui, o que significa temperaturas de até 40 °C.
Quando está fazendo 40 °C e você está dentro de um estábulo, fica até mais quente. Junte a isso o trabalho pesado, e já viu… não é à toa que no verão passado eu perdi mais de 7 kg.
Não tem muito o que dá para fazer numa situação dessas, a não ser ligar ventiladores e tentar ficar no vento. Por isso neste último final de semana, enquanto estavamos fazendo compras numa loja de atacado, eu catei um destes aqui:
Esta belezura tem 20″ de diâmetro (aproximadamente 50 cm) e faz um vento danado. Ainda não experimentei usar enquanto estou trabalhando, mas espero que funcione bem. A temperatura caiu nesta semana, mas o ventilador já está no caminhão, só esperando.
Dia de filhotes
Ajudante
Ontem tive que casquear dois jumentinhos, mas como os donos não iam estar lá para segurar os bichos, levei a Lydia como ajudante.
Aqui está ela, com o jumento Giacomo e a ovelha Peanut. Ela está toda sorridente nas fotos, mas na hora em que estava segurando os jumentos, não estava dando risada não… os bichos estavam pulando que nem feijões saltadores! 😉
Oferta de emprego
Ontem um amigo com quem eu trabalhava lá no meu último emprego de software engineer me ligou… o gerente dele pediu para ele me perguntar se eu queria o meu emprego de volta! 😯
Aparentemente eles estão precisando de gente e, ao invés de começar do zero, decidiram ver se eu topava trabalhar como programador lá de novo…
Agradeci a oferta, mas recusei. Não precisei nem pensar… não quero mais trabalhar com computadores. Ou em escritório.
Nem a possibilidade de um salário bem maior me tentou. Engraçado, né?
O trabalho fortalece o homem?
Depois de acordar todo esbudegado por causa dos excessos do final de semana, estou me sentindo muito melhor depois de trabalhar o dia todo. O dia começou difícil, mas à tarde já estava praticamente recuperado.
Quem diria? 😐
Muita força
O problema de se ter mãos que conseguem entortar barras de aço, rasgar listas telefônicas e comprimir carvão até virar diamante é este: você estoura as ferramentas quando aperta.
Já é a segunda em uns 3 ou 4 meses. E não custam barato… 😐
Horseshoeing 101
Faz tempo que eu estava querendo escrever uma pequena série de posts sobre ferrageamento de cavalos. Se interessa à alguém mais além de mim, não sei, mas como o blog é meu eu vou escrever assim mesmo… 😉
Vamos começar pelo básico: um pouquinho de anatomia e o porquê das ferraduras.
A estrutura óssea das patas do cavalo é bastante similar à humana, com inclusive a maior parte dos ossos tendo o mesmo nome. As grandes diferenças são a presença de um único dedo e o comprimento relativo dos ossos. No cavalo, o que chamamos de joelho é na verdade o pulso. O equivalente ao nosso joelho e o ombro se encontram na parte que chamaríamos de ombro. As imagens abaixo mostram uma pata dianteira e uma comparação entre os ossos da pata traseira e da perna humana (cliquem para ampliar).
Uma coisa bastante interessante é que, do joelho para baixo, não existem músculos, apenas tendões. A parte inferior das pernas é, quase literalmente, só pele e osso.
Como mencionei antes, o cavalo possui apenas um dedo em cada pata. A unha desse dedo é especialmente adaptada para formar o casco, que suporta todo o peso do animal. O casco, que envolve mais ou menos uns 4/5 da pata, tem um formato mais ou menos de um tronco de cone e é ligado ao osso final da “falangeta”. O peso todo do cavalo repousa basicamente “pendurado” pelo lado de dentro dos cascos.
Além disso, os cascos dianteiros e traseiros tem formatos diferentes. Os dianteiros são redondos, enquanto os traseiros tem um formato mais embicado, com os lados mais retos.
Abaixo estão imagens de uma pata mostrando as estruturas externas da pata e duas ferraduras mostrando a diferença no formato das patas (traseira e dianteira, respectivamente).
Boa parte do processo de se tornar um ferrador envolve aprender a entender o funcionamento das patas do cavalo, como a conformação delas afeta o animal e como ferrar corretamente para não afetar negativamente a movimentação e o conforto do cavalo.
Agora… por que colocamos ferraduras nos cavalos?
A resposta curta é que os cavalos não foram feitos para o tipo de trabalho que fazem para a gente e para viver em ambientes domesticados. A resposta comprida segue abaixo.
As funções básicas das ferraduras são (1) proteger o casco contra desgaste e choque excessivos e (2) corrigir problemas no movimento, que podem ser causados por inúmeros fatores.
Eles evoluiram como corredores, mas apesar de fortes, não foram feitos para carregar gente nas costas ou puxar carroça. À isso juntam-se as condições em que os cavalos domésticos vivem, que não são como as condições naturais às quais eles se adaptaram, e à seleção artificial que foi imposta à eles nos últimos milenios. Tudo isso afeta o crescimento e desgaste dos cascos de várias maneiras diferentes, e pode levar ao surgimento de problemas.
Na natureza, os cavalos vagam por grandes extensões de terrenos variados, e eles mesmo controlam o desgaste dos cascos. Os cavalos domésticos normalmente vivem em pastagens pequenas, onde movimentação e variação de terrenos são muito menores. Se o cavalo trabalha (é montado ou puxa carroça, por exemplo), isso também contribui para um desgaste maior do casco. E a seleção artificial contribuiu para manter linhas genéticas de cascos frágeis ou mal formados, que na natureza teriam sido extintas por seleção natural.
Mas nem todo cavalo precisa de ferraduras. Muitos andam “barefoot” sem problemas e é sempre preferível deixar o cavalo sem ferraduras quando possível. Mas isso depende dos fatores que mencionei acima: genética, ambiente e carga de trabalho.
E por hoje é só… aguardem os próximos capítulos.
Festa de fim de ano
Na sexta-feira teve a festa de final de ano da empresa onde a Lydia trabalha. Foi agradável e tudo, mas seria uma típica festa de escritório, não fossem duas diferenças.
Primeiramente, mandaram uma destas para buscar a gente e mais 4 outros casais em casa. Pessoalmente acho super-brega, mas enfim… melhor que dirigir na neve.
Segundamente, a festa foi aqui.
A comida estava ótima, tinha montes de petiscos e bebida à vontade. Até tomamos uns vinhos… mas depois de 2 copos eu já tive que parar, porque minha resistência à álcool é nula, já que virtualmente nunca bebo nada. Não podia dar vexame, né? 😉
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