Todo mundo está jogando confete no Papa, agora que ele morreu. É herói, santo, bravo… só coisa boa.

Tem leitores meus que são católicos, adoram o Papa e talvez fiquem chateados de ler este post, mas o que (quase) ninguém quer falar são as coisas “chatas” que, nesses anos todos em que controlou firmemente o Vaticano, o Papa incentivou ou deu permissão para que acontecesse.

Na última década, montes e montes de escândalos envolvendo padres católicos molestando crianças foram abafados, com os envolvidos sendo transferidos de paróquia em paróquia para escaparem punição e poderem continuar a praticar suas atividades extra-curriculares em novas vítimas desavisadas. Punição que é boa… que é isso, temos que relevar. Um dos piores casos, o Cardeal de Boston, está morando agora lá no Vaticano, longe do alcance da lei americana, onde é encarregado, entre outras coisas, de seleção de bispos para as dioseses. Realmente uma pessoa competentíssima para fazer isso.

E os milhões que estão morrendo de AIDS na África, onde a igreja católica organiza uma campanha agressiva para a prevenção do uso de preservativos, alegando que eles não protegem contra a AIDS, além de serem proibidos por não permitirem a fecundação. Afinal de contas, o que interessa mesmo é que nasçam montes de nenês, não interessando se os pais, ou as próprias crianças, peguem AIDS.

Sem falar também, entre outras coisas, das posições contra gays, mulheres, divórcio, controle de natalidade…

Uma pessoa, por melhor que seja, que com uma mão prega a paz mas com a outra mata milhões e permite e facilita o estupro de crianças pelos seus subordinados, simplesmente não pode ser transformada num anjo só por que morreu. Tem muita coisa pela qual ele tem que responder.

Sinto muito, mas de mim ele não vai ganhar confete não.