Todo começo de ano os jornais estão sempre falando das (novas) previsões para o fim do mundo. Este ano não foi diferente. Segundo este artigo no jornal de San Francisco Bay Area, se você acha que o mundo vai acabar em 2012, você é um mané.

O mundo vai acabar é em maio de 2011 mesmo, e desta vez é garantido porque a fonte é a Bíblia, ao invés das idéias pagãs daqueles índios Maias. Pelo menos é o que diz um tal de Harold Camping, auto-denominado estudioso da Bíblia. Ele diz sobre 2012:

That date has not one stitch of biblical authority […] It’s like a fairy tale.

Como um conto de fadas? Gente, esse povo não tem espelho em casa mesmo. Continuando:

[…] he has developed a mathematical system to interpret prophecies hidden within the Good Book. One night a few years ago, Camping, a civil engineer by trade, crunched the numbers and was stunned at what he’d found: The world will end May 21, 2011.

Hã-hã. Isso provavelmente foi depois dele assistir “A Beautiful Mind” e “The Number 23” e achar que eram documentários ou vídeos educativos.

Mas até aí, tudo bem. Loucos predizendo o fim do mundo aparecem todo ano. O legal é que esta não é a primeira vez que este tiozinho fez isso, vejam só:

This is not the first time Camping has made a bold prediction about Judgment Day. On Sept. 6, 1994, dozens of Camping’s believers gathered inside Alameda’s Veterans Memorial Building to await the return of Christ, an event Camping had promised for two years. Followers dressed children in their Sunday best and held Bibles open-faced toward heaven. But the world did not end.

A explicação? Ele errou nas contas. Passou estes anos todos refazendo os cálculos e agora, segundo ele, a nova data é a correta.

Tá, vocês devem estar se perguntando, mas por que eu me incomodo com um mané predizendo o fim do mundo? Afinal de contas ele não está prejudicando ninguém, só está falando bobeira, deixa ele.

Mesmo? Que tal isto: o cara tem uma congregação de fiéis, é dono de 55 estações de rádio, transmite shows em 48 línguas para todo lugar no mundo. O cara ganha dinheiro com isso, enquanto ao mesmo tempo convence seus fiéis que este mundo não tem valia.

“I’m looking forward to it,” said Ted Solomon, 60, who started listening to Camping in 1997. […] “This world may have had an attraction to me at one time, but now it’s definitely lost its appeal.”

A lavagem cerebral é tão grande que eles nem ao menos consideram a possibilidade de Camping estar errado. Mesmo admitindo que ele estava errado antes:

Rick LaCasse, who attended the September 1994 service in Alameda, said that 15 years later, his faith in Camping has only strengthened.

“Evidently, he was wrong,” LaCasse allowed, “but this time it is going to happen. There was some doubt last time, but we didn’t have any proofs. This time we do.”

Would his opinion of Camping change if May 21, 2011, ended without incident?

“I can’t even think like that,” LaCasse said. “Everything is too positive right now. There’s too little time to think like that.”

Aí está o porquê do meu emputecimento. O cara remove qualquer significado ou importância que essas pessoas tinham para a vida delas, transfere isso para o “além” e deixa elas só esperando ansiosamente pela hora de morrer. Qualquer um que leia os posts nos fóruns desses crentes pró-fim-do-mundo (eu já li muitos) consegue sentir o desespero que essas pessoas tem para morrer logo (e não só eles, mas o mundo todo). Mesmo que o Camping acredite sinceramente no que faz, não justifica o mal que causa.

Se vocês quiserem ver como é que o tiozinho chegou na data de maio de 2011, basta ler o artigo que linkei no começo do post, é muita baboseira para eu colocar aqui. Aliás, outra coisa que me deixa puto é o jeito que o jornal escreve o artigo. Basicamente o tom é de afirmação de fato, como se fosse tudo comprovado. Realmente eles prestam um serviço à comunidade. 😡